Repórter causa comoção em cobertura de incêndios no Chile.
Ramirez pediu para ‘não filmar a dor’ de quem perdeu tudo.
Durante a pior onda de incêndios florestais da história do Chile, o repórter Gustavo Ramirez viralizou nas redes sociais após pedir para que seu câmera não filmasse pessoas em lágrimas perante as suas casas destruídas.
“Não filme a dor delas”, disse o jovem ao câmera, mudando o ângulo das imagens. Tanto no Twitter como no Facebook, os chilenos elogiaram a postura do jornalista da emissora “TVN” pela sensibilidade.

Ao menos 10 pessoas morreram e milhares de casas já foram destruídas por focos de incêndio que atingem cerca de 273 mil hectares em sete regiões chilenas. A maior parte dos mortos são bombeiros ou policiais florestais que atuam no combate às chamas.
Segundo nota do governo, há 53 incêndios ativos no país – sendo que apenas dois foram permanentemente extintos. Os focos se espalham rapidamente por causa das altas temperaturas e dos fortes ventos que atingem o Chile.
OPINIÃO BAURU TV
Raro. Muito raro encontrar profissionais assim. Até porquê, as emissoras do mundo todo, de modo geral, buscam a audiência como objetivo primeiro, e não a dignidade humana, quando se trata de tragédias.
É tão incomum, que e a reação do câmera que o acompanhava, e da jornalista âncora no estúdio, foram de surpresa em relação à atitude do repórter Gustavo Ramirez. Dá para notar com facilidade, que nenhum dos dois entendeu a reação humana de Gustavo – um posicionamento de respeito à dor alheia.
A sensação do repórter ‘comum’ quando assiste a esta transmissão de Gustavo, é de perplexidade. Dá até para ouvir (nós repórteres ouvimos isso durante toda a carreira) a imprensa ‘marrom’ rindo e esbravejando: “que repórter idiota … ele não mostra sangue … ele não filma a desgraça dessa gente direito”.
Acho que 90% dos editores responsáveis por equipes de jornalismo de TV que eu conheço no Brasil e no mundo, demitiriam Gustavo Ramirez caso ele insistisse nesse padrão.
Eu particularmente, me coloco entre os 10% que teriam imensa honra em trabalhar com um profissional assim 🙂
Paul Sampaio – Autor