Elis – o Filme sobre a Extraordinária “Pimentinha”

Cantora desde a infância, Elis Regina Carvalho Costa (Andreia Horta) entra na vida adulta deixando o Rio Grande do Sul para espalhar seu talento pelo Brasil a partir do Rio de Janeiro.

Em rápida ascensão, ela logo conquista uma legião de fãs, entre eles o famoso compositor e produtor Ronaldo Bôscoli (Gustavo Machado), com quem acaba se casando.

Estrela de TV, polêmica, intensa e briguenta, a “Pimentinha” não tarda a ser reconhecida como a maior voz do Brasil, em carreira marcada por altos e baixos.

O longa foi selecionado para a mostra competitiva do Festival de Gramado 2016.

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CRÍTICA

Fonte: Carol Prado – G1, em São Paulo – 21/11/2016

‘Elis’ dá ‘aula’ sobre MPB, com roteiro superficial e atuação caricata; G1 já viu

Sem conexões, acontecimentos se atropelam em cinebiografia meio Wikipedia. Semelhança entre cantora e Andreia Horta impressiona, mas trejeitos cansam

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Andréia Horta e Gustavo Machado em cena do filme (Foto – Divulgação)

Em uma cinebiografia, é difícil resistir à tentação do caminho mais tradicional: reunir um punhado de acontecimentos em uma ordem cronológica à lá Wikipedia, com um tantinho de licença poética para tornar mais empolgante a vida do protagonista. Às vezes funciona. Mas em “Elis”, que estreia nesta quinta-feira (24/11/2016), o modelo tirou complexidade e força de uma figura sobre a qual a dimensão psicológica sempre pesou mais que os fatos em si.

 

Isso porque o método mais usual nem sempre é o mais fácil. Sintetizar a vida de alguém em menos de duas horas exige escolhas arriscadas.

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O diretor Hugo Prata, que também assina o roteiro ao lado de Luiz Bolognesi e Vera Egito, optou por contar a história da adolescência à morte da artista, passando por sua ascensão à fama, o casamento conturbado com Ronaldo Bôscoli, a redenção amorosa com César Mariano, a relação com a ditadura militar e a angústia do fim da vida.

Andreia Horta e Caco Ciocler em cena do filme (Foto - Divulgação)
Andreia Horta e Caco Ciocler em cena do filme (Foto – Divulgação)

Se por um lado o roteiro oferece um bom panorama didático, principalmente da mudança musical proporcionada por Elis Regina, que derrubou o intimismo da Bossa Nova, por outro, é superficial e previsível.

Os acontecimentos se atropelam, sem conexões sólidas. O temperamento determinado e explosivo da personagem é simplório e uniforme, longe do espírito da cantora, uma mulher de extremos.

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Temas mais cabeludos de sua trajetória, como o uso de drogas nos últimos anos de vida e o criticado show na Olimpíada do Exército de 1972, são retratados de forma ligeira e sem profundidade, dando espaço a longas cenas de sexo e brigas com Bôscoli.

Na ficção, há bem pouca inveja, competição, ganância e insegurança ao redor de Elis, quase sempre cercada só por admiração. O que se vê na tela não vai muito além do que pode ser lido ao pesquisar o nome da cantora no Google.

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Todos os homens de Elis

Outra escolha do diretor é dar destaque aos homens que cruzaram o caminho da artista, alterando seu percurso – até a imagem de sua mãe é suprimida em nome da ideia.

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A tentativa não é de tirar o protagonismo da biografada, mas mostrar que todos eles foram subservientes a ela.

A proposta é arriscada, e funciona só até certo ponto. Às vezes dá a impressão de que o caminho de Elis foi trilhado por esses personagens – quando decide cortar o cabelo, por exemplo, é por sugestão de Bôscoli, e sua dominância em um universo até então masculino poderia ter sido mais explorada.

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Olhos arregalados, braços frenéticos

Fator mais marcante do filme, a semelhança física entre Elis e sua intérprete, Andreia Horta, impressiona.

E é notável o esforço da atriz para incorporar seus trejeitos expansivos. Mas, se Elis era uma figura caricata, como dar naturalidade à sua interpretação?

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Andreia, que estudou durante três meses a personagem, não conseguiu chegar na resposta, e cai de cabeça na imitação.

Sorriso aberto, olhos arregalados e braços frenéticos são usados à exaustão. Lúcio Mauro Filho faz uma versão caricaturesca de Luís Carlos Miele.

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Em uma cinebiografia aguardada e significativa, a intensidade e talento da mais importante cantora da história do país se perde em frases de efeito, diálogos explicativos e lições de moral.

É uma homenagem cheia de boas intenções, mas que está longe de fazer jus ao que Elis representou para o Brasil.

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Outra opinião

Para o blogueiro Mauro Ferreira, do G1, a atuação antológica de Andreia Horta como a personagem-título engrandece “Elis”. Ele acrescenta que contar 18 dos 36 anos da cantora em um filme de 115 minutos é tarefa ingrata assumida com competência pelo diretor Hugo Prata. Clique aqui para ler a crítica completa.

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