Carlos Drummond de Andrade é fotografado ao sair de táxi no Rio, em 1982
Biografia
Nasceu em Minas Gerais, em uma cidade cuja memória viria a permear parte de sua obra, Itabira. Seus antepassados, tanto do lado materno como paterno, pertencem a famílias de há muito tempo estabelecidas no Brasil.[3][4]
Poeta Carlos Drummond de Andrade em sua casa por ocasião da homenagem aos seus 80 anos / Posto 6 – Copacabana – Rio de Janeiro – RJ – Data: 23/10/82
Em 1925, casou-se com Dolores Dutra de Morais, com quem teve dois filhos, Carlos Flávio, que viveu apenas meia hora[8] (e a quem é dedicado o poema “O que viveu meia hora”, presente em Poesia completa, Ed. Nova Aguilar, 2002), e Maria Julieta Drummond de Andrade.
No mesmo ano em que publica a primeira obra poética, “Alguma poesia” (1930), o seu poema Sentimental é declamado na conferência “Poesia Moderníssima do Brasil”[1], feita no curso de férias da Faculdade de Letras de Coimbra, pelo professor da Cadeira de Estudos Brasileiros, Dr. Manoel de Souza Pinto, no contexto da política de difusão da literatura brasileira nas Universidades Portuguesas.
A filha Maria Julieta, a esposa Dolores e Carlos Drummond de Andrade
Durante a maior parte da vida, Drummond foi funcionário público, embora tenha começado a escrever cedo e prosseguindo até seu falecimento, que se deu em 1987 no Rio de Janeiro, doze dias após a morte de sua filha.[9]
Em 1987, meses antes de sua morte, a escola de samba Mangueira o homenageou no Carnaval com o enredo “O Reino das Palavras”, sagrando-se campeã do Carnaval Carioca naquele ano.[11]
Existe colaboração de sua autoria no semanário Mundo Literário[12] (1946–1948).
FRASES, POEMAS e TRECHOS
“O bonde passa cheio de pernas: / pernas brancas pretas amarelas. Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração. / Porém meus olhos / não perguntam nada”
– Poesia até agora: capa de Santa Rosa – página 9, Carlos Drummond de Andrade – J. Olympio, 1948 – 257 páginas
“A Outra Porta do Prazer
(…) Amor não é completo se não se sabecoisas que só o amor pode inventar (…) (CDA) In: O Amor Natural, p. 1380 [2]
“A Um Ausente
Tenho razão de sentir saudade tenho razão de te recusar. Houve um pacto implícito que rompeste e sem te despedires foste embora. Detonaste o pacto.Detonaste a vida geral, a comum aquiescência de viver e explorar os rumos de obscuridade sem prazo sem consulta sem provocação até o limite das folhas caídas na hora de cair. (…) (CDA) In: Farewell, p. 1405-6 [2]
“Aos Namorados do Brasil (…) Cegos, surdos, mudos — felizes! — são os namorados.(…) (CDA)”
“A vida se renova na esperança de um dia novo.”
– “Poesia completa: conforme as disposições do autor”, de Carlos Drummond de Andrade, Gilberto Mendonça Teles – Publicado por Nova Aguilar, 2002 – 1599 páginas, p. 343
“Adultério
No adultério há pelo menos três pessoas que se enganam.”
In: O Avesso das Coisas, p.7 (CDA)
“Água
Tudo é simples diante de um copo de água.
In: O Avesso das Coisas, p.8 (CDA)
Drummond com Dolores Dutra de Moraes, sua esposa, e Maria Julieta, sua filha.
Amizade
A amizade é um meio de nos isolarmos da humanidade cultivando algumas pessoas.
In: O Avesso das Coisas, p.11 (CDA)
Amizade
Como as plantas a amizade não deve ser muito nem pouco regada. In: O Avesso das Coisas, p.11 (CDA)
Amor
Amar sem inquietação é amar sem amor.
In: O Avesso das Coisas, p.12(CDA)
Amor
O amor ensina igualmente a ferir e ser ferido. In: O Avesso das Coisas, p.12 (CDA)
Amor
Entre as diversas formas de mendicância, a mais humilhante é a do amor implorado.
In: O Avesso das Coisas, p.12 (CDA)
Amor
“Há vários motivos para odiar uma pessoa, e um só para amá-la; este prevalece.
In: O Avesso das Coisas – Aforismos, p.14 [1] e p. 890 [3] (CDA)
Amor e seu tempo (…) “Amor é o que se aprende no limite,/depois de se arquivar toda a ciência/ Herdada, ouvida. Amor começa tarde.” (CDA) In: As Impurezas do Branco, p. 728
Anônimo
O anônimo tem possibilidades infinitas de ação – se os famosos o permitirem. (CDA)
In: O Avesso das Coisas, p. 18 (CDA)”
Aquele Bêbado
– Juro nunca mais beber – e fez o sinal-da-cruz com os indicadores. Acrescentou: – Álcool.O mais, ele achou que podia beber. Bebia paisagens, músicas de Tom Jobim, versos de Mario Quintana. Tomou um pileque de Segall. Nos fins de semana, embebedava-se de Índia Reclinada, de Celso Antônio.- Curou-se 100% do vício – comentavam os amigos.Só ele sabia que andava mais bêbado que um gambá. Morreu de etilismo abstrato, no meio de carraspana de pôr-do-sol no Leblon, e seu féretro ostentava inúmeras coroas de ex- alcóolatras anônimos. (CDA)In: Contos Plausíveis, p. 103 [3]
Atriz (…) Era uma pessoa e era um teatro. (…) In: Versiprosa, p. 665 [2]
Aurora
O poeta ia bêbedo num bonde O dia nascia atrás dos quintais As pensões alegres dormiam tristíssimas As casas também iam bêbedas. (…) (CDA) In: Brejo das Almas, p.43 [2]
Carlos Drummond de Andrade e a filha, Maria Julieta
O poeta e sua filha única tinham uma relação de extrema proximidade, tanto que ela tentou seguir os passos do pai e chegou a escrever livros.
No entanto, nunca conseguiu ser uma escritora aclamada – há quem diga que foi ofuscada pelo talento do progenitor.
Em 1987, Maria Julieta morreu aos 57 anos vitimada por um câncer.
A fatalidade foi demais para Drummond, já com 84. No cemitério, ele teria dito a um amigo que sua vida tinha acabado.
Doze dias depois – em 17 de agosto -, o escritor sofreu um infarto e morreu, sendo enterrado ao lado da filha no Cemitério São João Batista, em Botafogo, no Rio.
Banco
O cofre do banco contém apenas dinheiro; frustra-se quem pensar que lá encontrará riqueza.
In: O Avesso das Coisas – Aforismos, p. 893 [3] (CDA)
Brasil
O Brasil é um país novo que se imagina velho, e um país velho que se supõe novo.
In: O Avesso das Coisas, p. 30 (CDA)”
Beijo
A boca beijada não guarda a marca do êxtase; ele fica na boca de quem a beijou. In: O Avesso das Coisas, p. 26 (CDA)
“Cidadezinha Qualquer
Casas entre bananeiras mulheres entre laranjeiras pomar amor cantar.Um homem vai devagar. Um cachorro vai devagar. Um burro vai devagar. Devagar… as janelas olham. Eta vida besta, meu Deus. In: Alguma Poesia, p. 23 [2]
“Bolero de Ravel
Excerto da poesia Bolero de Ravel A alma cativa e obcecada/enrola-se infinitamente numa espiral de desejo/e melancolia./Infinita, infinitamente…(…) In: Sentimento do Mundo, p. 76 [2]
“Campeão
Há campeões de tudo, inclusive de perda de campeonatos.”In: O Avesso das Coisas, p. 34 (CDA)
“Canção de berço e o trem que passa, como um discurso, irreparável: tudo acontece, menina, e não é importante, menina, e nada fica nos teus olhos. Também a vida é sem importância. Os homens não me repetem nem me prolongo até eles.A vida é tênue, tênue.”In: ANDRADE, Carlos Drummond de.Sentimento do mundo. p.39. 1ªed. São Paulo:Companhia das Letras,2012
O cofre também pode guardar jóias como verdades envergonhadas. In: O Avesso das Coisas, p. 44 (CDA)
A confiança é um ato de fé, e esta dispensa raciocínio. In: O Avesso das Coisas, p. 46 (CDA)
Stop. A vida parou ou foi o automóvel? (CDA) In: Alguma Poesia, p.28 [2]
Há muitas razões para duvidar, e uma só para crer. In: O Avesso das Coisas, p.51 (CDA)
“Desculpe, amor, se meu presente é meio louco e bobo e superado: uns lábios em silêncio (a música mental) e uns olhos em recesso (a infinita paisagem).”
– O poder ultra jovem, e Mais 79 textos em prosa e verso.: E mais 79 textos em prosa e verso – p. 173, de Carlos Drummond de Andrade – Publicado por Livraria J. Olympio, 1972 – 186 páginas
“Desperdício
Solidão não te mereço, pois que te consumo em vão. Sabendo-te embora o preço calco teu ouro no chão.
(CDA) In: Viola no Bolso I, p. 320 [2]
“Dúvida
Cultivamos nossas dúvidas como rosas do jardim que não possuímos.”- In: O Avesso das Coisas, p.70 (CDA)
“E cada instante é diferente, e cada homem é diferente, e somos todos iguais”
– “Poesia até agora” – p. 224, de Carlos Drummond de Andrade – Publicado por J. Olympio, 1948 – 257 páginas
Em Teu Crespo Jardim Anêmonas Castanhas (…) “Cada pétala ou sépala seja lentamente/ acariciada, céu; e a vista pouse,/ beijo abstrato, antes do beijo ritual,/ na flora pubescente, amor; e tudo é sagrado” (CDA) In: O Amor Natural, 1373 [2]
“Entre a dor e o nada o que você escolhe?” – “Ciclo do terror: romances” – p.248, de Assis Brasil – Publicado por Nordica, 1984 – 559 páginas
Eterno
(…) eterno é tudo aquilo que vive uma fração de segundo/mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força o resgata (…).”
Drummond, por William.
(In: Fazendeiro do Ar, p. 408)[2]”
Felicidade
Há duas épocas na vida, infância e velhice, em que a felicidade está numa caixa de bombons.In: O Avesso das Coisas, p. 87 (CDA)
Felicidade
Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade. In: O Avesso das Coisas, p. 87 (CDA)
“Há um certo gosto em pensar sozinho. É ato individual, como nascer e morrer.”
– “Passeios na ilha: divagações sôbre a vida literária e outras matérias” – p. 17, de Carlos Drummond de Andrade – Publicado por Organização Simões, 1952 – 250 páginas
“Há vários motivos para não amar uma pessoa, e um só para amá-la; este prevalece.” In: O Avesso das Coisas, p. 890 (CDA) [2]
Futebol
“Com o barulho da Copa do Mundo, ninguém reparou que a metade do ano se foi e que ficamos mais idosos e mais problemáticos.”
In: Quando é dia de futebol, p. 93 (CDA)
“O difícil, o extraordinário, não é fazer mil gols como Pelé. É fazer um como Pelé,” In: Quando é dia de futebol, p. 132 (CDA)
“Lembrete
Se procurar bem você acaba encontrando.não a explicação (duvidosa) da vida,mas a poesia (inexplicável) da vida. (CDA) In: Corpo, p. 1256 [2]
“Luta
Só é lutador quem sabe lutar consigo mesmo.
Drummond, por Baptistão
In: O Avesso das Coisas, p.135 (CDA)
Memória
Amar o perdidodeixa confundidoeste coração.Nada pode o olvidocontra o sem sentidoapelo do Não.As coisas tangíveistornam-se insensíveisà palma da mão.Mas as coisas findasmuito mais que lindas,essas ficarão.” (CDA) In: Claro Enigma, p. 252-3 [2]
A outra face
O cômico, um enigma. Oscarito era sério e agora faz chorar seus amigos diletos. Se vive acaso numa estrela, está rindo dessa combinação de contrastes secretos. – Carlos Drummond de Andrade, In: Poesia Errante, 1988.
“Natureza
A natureza não faz milagres, faz revelações.
In: O Avesso das Coisas, p.153 (CDA)
“Ninguém é igual a ninguém. Todo o ser humano é um estranho ímpar.”
– “Nova reunião: 19 livros de poesia” – v.2 p. 537, de Carlos Drummond de Andrade – Publicado por J. Olympio Editora, 1985 – 969 páginas
“Nosso Tempo VIII (…) O poeta/ declina de toda responsabilidade / na marcha do mundocapitalista / e com suas palavras, intuições, símbolos e outras armas / promete ajudar / a destruí-lo / como uma pedreira, uma floresta, / um verme.(…)” (CDA) In: A Rosa do Povo, p. 125-132 [2]
O Amor bate na Porta
(…) Amor é bicho instruído Olha: o amor pulou o muro o amor subiu na árvore em tempo de se estrepar. Pronto, o amor se estrepou. Daqui estou vendo o sangue que escorre do corpo andrógino. Essa ferida, meu bem às vezes não sara nunca às vezes sara amanhã.” (CDA) In: Brejo das Almas, p.46-7 [2]
“O Brasil está dormindo, coitado.”
– “Poesia até agora” – p. 55, de Carlos Drummond de Andrade – Publicado por J. Olympio, 1948 – 257 páginas
“O povo bom e simples, suas cores vistosas, pelo campo… Tão Brasil!”
– Viola de bôlso novamente encordada – p. 67, de Carlos Drummond de Andrade – Publicado por J. Olympio, 1955 – 125 páginas
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.Tempo de absoluta depuração.Tempo em que não se diz mais: meu amor.Porque o amor resultou inútil.E os olhos não choram.E as mãos tecem apenas o rude trabalho.E o coração está seco. (…) (CDA) In: Alguma Poesia, p. 5 [2]
Política
A ignorância, a cobiça e a má fé também elegem seus representantes políticos.
In: O Avesso das Coisas, p. 181(CDA)
Quadrilha
Drummond, por Chico Caruso.
João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lilique não amava ninguém. João foi para o Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história. (CDA) In: Alguma Poesia, p. 26 [2]
“O Mundo é Grande
O amor é grande e cabe/nesta janela sobre o mar./O mar é grande e cabe/na cama e no colchão de amar./O amor é grande e cabe/no breve espaço de beijar. (CDA) In: Amar se Aprende Amando p.1278 [2]
“Mundo
Difícil compreender como no vasto mundo falta espaço para os pequenos. In: O Avesso das Coisas, p.149 (CDA)
“Paciência
Não é fácil ter paciência diante dos que têm excesso de paciência.
In: O Avesso das Coisas, p.163 (CDA)
“País
Há países divertidos e países sérios com habitantes correspondentes. In: O Avesso das Coisas, p. 163 (CDA)
“Perdão
Perdoar antes é melhor do que perdoar depois.In: O Avesso das Coisas, p. 173 (CDA)
Poema da necessidade
É preciso casar João, é preciso suportar Antônio, é preciso odiar Melquíades, é preciso substituir nós todos. É preciso salvar o país, é preciso crer em Deus, é preciso pagar as dívidas, é preciso esquecer fulana. É preciso estudar volapuque, é preciso estar sempre bêbado, preciso ler Baudelaire, é preciso colher as flores de que rezam os autores. É preciso viver com os homens, é preciso não assassiná-los, é preciso ter mãos pálidas e anunciar O FIM DO MUNDO.
“In: ANDRADE,Carlos Drummond de.Sentimento do mundo.p.15.1ªed.São Paulo:Companhia das Letras,2012.
“Política
A ignorância, a cobiça e a má fé também elegem seus representantes políticos.
In: O Avesso das Coisas, p. 181 (CDA)
“Povo
O que se chama povo é tão abstrato que ele não reconhece a sua imagem.
In: O Avesso das Coisas, p. 182 (CDA)
“Religião
Nem todas as coisas incompreensíveis são religiosas. In: O Avesso das Coisas, p. 194 (CDA)
“Rosa
A rosa não é rosa; é projeto de rosa continuamente renovado.
In: O Avesso das Coisas, p. 195 (CDA)
“Resíduo (…)De tudo ficou um pouco (…) Pois de tudo fica um pouco/ Fica um pouco de teu queixo / No queixo de tua filha/ De teu áspero silêncio / Um pouco ficou, um pouco / Nos muros zangados, / Nas folhas, mudas, que sobem (…)”. (CDA) In: Resíduo, p. 158 [2]
“Sentimento do Mundo
Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo, mas estou cheio de escravos, minhas lembranças escorrem e o corpo transige na confluência do amor. Quando me levantar, o céu estará morto e saqueado, eu mesmo estarei morto, morto meu desejo, morto o pântano sem acordes. Os camaradas não disseram que havia uma guerra e era necessário trazer fogo e alimento. Sinto-me disperso, anterior a fronteiras, humildemente vos peço que me perdoeis. Quando os corpos passarem, eu ficarei sozinho desfiando a recordação do sineiro, da viúva e do microscopista que habitavam a barraca e não foram encontrados ao amanhecer esse amanhecer mais coite que a noite. “In: ANDRADE,Carlos Drummond de.Sentimento do mundo. p.11. 1ªed. São Paulo:Companhia das Letras,2012.
“São mitos de calendário/ tanto o ontem como o agora,/ e o teu aniversário/ é um nascer a toda hora.”
– Carlos Drummond de Andrade, Obra poética – v.4-6 p. 42, de Carlos Drummond de Andrade – Publicado por Publicações Europa-América, 1989
“Saudade
Também temos saudade do que não existiu, e dói bastante.
Drummond, por Jorge Siqueira
In: O Avesso das Coisas, p. 201 (CDA)
“Sofrimento
A educação para o sofrimento, evitaria senti-lo, em relação a casos que não o merecem. In: O Avesso das Coisas, p. 205 (CDA)
“Tempo
Tempo disso, tempo daquilo; falta o tempo de nada. In: O Avesso das Coisas, p. 212 (CDA)
“Vontade
A minha vontade é forte, mas a minha disposição de obedecer-lhe é fraca In: O Avesso das Coisas, p. 232 (CDA)
– “Poesia completa: conforme as disposições do autor”, de Carlos Drummond de Andrade, Gilberto Mendonça Teles – Publicado por Nova Aguilar, 2002 – 1599 páginas, Página 343
“E cada instante é diferente, e cada homem é diferente, e somos todos iguais”
– “Poesia até agora” – Página 224, de Carlos Drummond de Andrade – Publicado por J. Olympio, 1948 – 257 páginas
“Desculpe, amor, se meu presente é meio louco e bobo e superado: uns lábios em silêncio (a música mental) e uns olhos em recesso (a infinita paisagem).”
– O poder ultra jovem, e Mais 79 textos em prosa e verso.: E mais 79 textos em prosa e verso – Página 173, de Carlos Drummond de Andrade – Publicado por Livraria J. Olympio, 1972 – 186 páginas- “Passeios na ilha: divagações sôbre a vida literária e outras matérias” – Página 17, de Carlos Drummond de Andrade – Publicado por Organização Simões, 1952 – 250 páginas- “Nova reunião: 19 livros de poesia” – v.2 Página 537, de Carlos Drummond de Andrade – Publicado por J. Olympio Editora, 1985 – 969 páginas- “Poesia até agora” – Página 55, de Carlos Drummond de Andrade – Publicado por J. Olympio, 1948 – 257 páginas- Viola de bôlso novamente encordada – Página 67, de Carlos Drummond de Andrade – Publicado por J. Olympio, 1955 – 125 páginas- Passeios na ilha: divagações sôbre a vida literária e outras matérias – Página 5, de Carlos Drummond de Andrade – Publicado por J. Olympio, 1975 – 160 páginas- (ANDRADE,Carlos Drummonde de. poesia completo e prosa, Rio de Janeiro:Aguilar, 1973 .p.126;: ISBN 9788581811949)Não serei o poeta de um mundo caduco.Também não cantarei o mundo futuro.Estou preso à vida e olho meus companheiros.Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.Entre eles, considero a enorme realidade.O presente é tão grande, não nos afastemos.Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,a vida presente.”- ” (ANDRADE, Carlos Drummond de. Sentimento do mundo, p. 53, 1ªed. São Paulo: Companhia das Letras, 2012)”
“Há um certo gosto em pensar sozinho. É ato individual, como nascer e morrer.”
“Ninguém é igual a ninguém. Todo o ser humano é um estranho ímpar.”
Famosa estátua de Drummond na Praia de Copacabana.
NO MEIO DO CAMINHO
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.