João Bosco e Aldir Blanc, os compositores da canção “O Bêbado e a Equilibrista”, interpretam a música em cena extraída do filme “Vlado – 30 anos depois”, de João Batista de Andrade. Conheça também a história por trás da letra escrita por ambos, analisando frase por frase o significado real da mensagem, colocada de forma magistral em duplo sentido, do começo ao fim do poema. Veja ainda, a versão com Elis Regina.

Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto
Me lembrou Carlitos
A lua, tal qual a dona do bordel,
Pedia a cada estrela fria
Um brilho de aluguel
E nuvens, lá no mata-borrão do céu,
Chupavam manchas torturadas, que sufoco!
Louco, o bêbado com chapéu-coco
Fazia irreverências mil pra noite do Brasil.
Meu Brasil
Que sonha com a volta do irmão do Henfil.
Com tanta gente que partiu num rabo de foguete.
Chora a nossa pátria mãe gentil,
Choram Marias e Clarices no solo do Brasil.
Mas sei que uma dor assim pungente
Não há de ser inutilmente, a esperança
Dança na corda bamba de sombrinha
E em cada passo dessa linha pode se machucar
Azar, a esperança equilibrista
Sabe que o show de todo artista
Tem que continuar…
O Bêbado e a Equilibrista é uma canção composta por João Bosco e Aldir Blanc, e interpretada por Elis Regina em seu LP Essa Mulher, de 1979. Tornou-se um hino informal sobre o período da anistia e do declínio da Ditadura Militar no Brasil, sendo mesmo chamada de Hino da Anistia, ainda que tenha sido composta antes da aprovação da Lei da Anistia, de 1979.
Fonte: www.wikiwand.com
História
A canção começou a ser composta no período entre as festas de Natal de 1977 e Ano Novo, João Bosco queria homenagear Charles Chaplin, morto em 25 de dezembro daquele ano, e seus primeiros versos falam exatamente do personagem Carlitos, de Chaplin (“Caía a tarde feito um viaduto.. E um bêbado trajando luto me lembrou Carlitos…”).
A letra possui diversas referências de eventos e personalidades ligadas ao período em questão, ou seja, à Ditadura Militar e a anistia concedida para opositores e para os próprios militares, de acordo com a Lei nº 6.683, de 28 de agosto de 1979. Nos versos “Choram Marias e Clarisses”, Bosco cita as viúvas Maria, mulher de Manuel Fiel Filho, e Clarisse Herzog, esposa de Vladimir Herzog, pois ambos morreram nos porões do DOI-CODI por fazerem parte da oposição. O trecho “Brasil que sonha… com a volta do irmão do Henfil”, a letra faz referência à Herbert José de Sousa, o Betinho, irmão de Henfil, que esteve exilado de 1971 até 1979, no Chile, Canadá e México.
Caía a tarde feito um viaduto, faz menção à queda do Viaduto Paulo de Frontim no RJ.
A música foi executada pela primeira vez num programa de TV em São Paulo por Elis Regina, e fez grande sucesso mesmo antes de ser lançada oficialmente.
Aldir Blanc considera a canção um registro da união e amizade entre ele, João Bosco, Henfil e Elis Regina.