“Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores.”
– Gonçalves Dias, em ‘Canção do Exílio’.
Vídeo-documentário da Escola Vidigal Rodrigues Filho sobre o escritor Antônio Gonçalves Dias. Ação da Feira Municipal de Literatura de Aldeias Altas-MA. Edição: Evandro José Studio.
“Não chores, meu filho; Não chores, que a vida É luta renhida: Viver é lutar. A vida é combate, Que os fracos abate, Que os fortes, os bravos Só pode exaltar.”
Antônio Gonçalves Dias (Caxias, 10 de agosto de 1823 — Guimarães, 3 de novembro de 1864) foi um poeta, advogado, jornalista, etnógrafo e teatrólogo brasileiro.[4]
Um grande expoente do romantismo brasileiro e da tradição literária conhecida como “indianismo“, é famoso por ter escrito o poema “Canção do Exílio” — um dos poemas mais conhecidos da literatura brasileira —, o curto poema épicoI-Juca-Pirama e muitos outros poemas nacionalistas e patrióticos que viriam a dar-lhe o título de poeta nacional do Brasil. Foi um ávido pesquisador das línguas indígenas e do folclore brasileiro.
É o patrono da cadeira 15 da Academia Brasileira de Letras.
Fonte: Wikiwand
- Gigante orgulhoso, de fero semblante, Num leito de pedra lá jaz a dormir!Em duro granito repousa o gigante,Que os raios somente puderam fundir.- “O Gigante de Pedra” (vide wikisource)
- Cruas ânsias, Dos teus olhos fechados,Houveram-me acabrunhado,A não lembrar-me de ti!- (Obras poéticas, I, p. 343).
Fonte: Wikiquote
“Amar é ter o coração em riso e festa.”
Gonçalves Dias – Fonte: Pensador
“Amar, e não saber, não ter coragem para dizer que é amor que em nós sentimos.”
Gonçalves Dias – Fonte: Pensador

“Deixa-te disso criança, deixa de orgulho sossegas, não vês que a vida é um oceano por onde o acaso navega.”
Biografia
Antônio Gonçalves Dias nasceu em 10 de agosto de 1823, no sítio Boa Vista, em terras de Jatobá (a 14 léguas de Caxias).
Morreu aos 41 anos em um naufrágio do navio Ville Bologna, próximo à região do baixo de Atins, na baía de Cumã,[5] município de Guimarães.
Advogado de formação, é mais conhecido como poeta e etnógrafo, sendo relevante também para o teatro brasileiro, tendo escrito quatro peças. Teve também atuação importante como jornalista.[4] Nesta area, encontra-se colaboração da sua autoria na Revista Contemporânea de Portugal e Brasil(1859-1865).[6]
Era filho de uma união não oficializada entre um comerciante português com uma mestiça, [7] e estudou inicialmente por um ano com o professor José Joaquim de Abreu, quando começou a trabalhar como caixeiro e a tratar da escrituração da loja de seu pai, que faleceu em 1837.
Iniciou seus estudos de latim, francês e filosofia em 1835, quando foi matriculado em uma escola particular.
Foi estudar na Europa, em Portugal, onde em 1838 terminou os estudos secundários e ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (1840), retornando em 1845, após bacharelar-se. Mas antes de retornar, ainda em Coimbra, participou dos grupos medievistas da Gazeta Literária e de O Trovador, compartilhando das ideias românticas de Almeida Garrett, Alexandre Herculano e António Feliciano de Castilho.[4]
Por se achar tanto tempo fora de sua pátria inspira-se para escrever a Canção do Exílio e parte dos poemas de “Primeiros cantos” e “Segundos cantos”; o drama Patkull; e “Beatriz de Cenci”, depois rejeitado por sua condição de texto “imoral” pelo Conservatório Dramático do Brasil. Foi ainda neste período que escreveu fragmentos do romance biográfico “Memórias de Agapito Goiaba”, destruído depois pelo próprio poeta, por conter alusões a pessoas ainda vivas.
No ano seguinte ao seu retorno conheceu aquela que seria a sua grande musa inspiradora: Ana Amélia Ferreira Vale.
Várias de suas peças românticas, inclusive “Ainda uma vez — Adeus” foram escritas para ela.
Nesse mesmo ano ele viajou para o Rio de Janeiro, então capital do Brasil, onde trabalhou como professor de história e latim do Colégio Pedro II, além de ter atuado como jornalista, contribuindo para diversos periódicos: Jornal do Commercio, Gazeta Oficial, Correio da Tarde e Sentinela da Monarquia, publicando crônicas, folhetins teatrais e crítica literária.
Em 1849 fundou com Manuel de Araújo Porto-Alegre e Joaquim Manuel de Macedo a revista Guanabara, que divulgava o movimento romântico da época.
Em 1851 voltou a São Luís do Maranhão, a pedido do governo para estudar o problema da instrução pública naquele estado.
Gonçalves Dias pediu Ana Amélia em casamento em 1852, mas a família dela, em virtude da ascendência mestiça do escritor, refutou veementemente o pedido. No mesmo ano retornou ao Rio de Janeiro, onde casou-se com Olímpia da Costa. Logo depois foi nomeado oficial da Secretaria dos Negócios Estrangeiros. Passou os quatro anos seguintes na Europa realizando pesquisas em prol da educação nacional.
Voltando ao Brasil foi convidado a participar da Comissão Científica de Exploração, pela qual viajou por quase todo o norte do país.[4]
Voltou à Europa em 1862 para um tratamento de saúde.
Não obtendo resultados retornou ao Brasil em 1864 no navio Ville de Boulogne, que naufragou na costa brasileira; salvaram- se todos, exceto o poeta, que foi esquecido, agonizando em seu leito, e se afogou. O acidente ocorreu nos Baixos de Atins, perto de Tutóia, no Maranhão.[8]
A sua obra enquadra-se no Romantismo, pois, a semelhança do que fizeram os seus correlegionários europeus, procurou formar um sentimento nacionalista ao incorporar assuntos, povos e paisagens brasileiras na literatura nacional.
Ao lado de José de Alencar, desenvolveu o Indianismo. Pela sua importância na história da literatura brasileira, podemos dizer que Gonçalves Dias incorporou uma ideia de Brasil à literatura nacional.
Gonçalves Dias ![]() |
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![]() Retrato de Gonçalves Dias, cerce de 1855. |
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Nascimento | 10 de agosto de 1823[1]. Caxias, ![]() Maranhão |
Morte | 3 de novembro de 1864 (41 anos) Guimarães, ![]() Maranhão |
Nacionalidade | ![]() |
Ocupação | Poeta, teatrólogo, Jornalista, advogado, etnógrafo |
Influências | |
Influenciados | |
Magnum opus | Canção do Exílio, I-Juca-Pirama, Ainda uma vez – adeus, Os Timbiras. |
Escola/tradição | Romantismo, Indianismo |
Assinatura | |
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Canção do exílio
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar –sozinho, à noite–
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Gonçalves Dias

Obras publicadas
Do próprio autor (cronológica)
- Primeiros Cantos, Rio de Janeiro, Laemmert, 1846.
- Leonor de Mendonça, Rio de Janeiro, J. Villeneuve & Cia, 1846.
- Segundos Cantos, Rio de Janeiro, Typographia Classica, 1848. (contém às Sextilhas de Frei Antão).
- Meditação (fragmentos in Guanabara, Rio de Janeiro, Ferreira Monteiro, 1848. (publicada completo postumamente).
- Últimos Cantos, Rio de Janeiro, Typographia de F. de Paula Brito, 1851.
- Cantos: collecção de poezias,2ª ed. Leipzig, Brockhaus, 1857. (todos os poemas e 16 inéditos).
- Os Tymbiras, Leipzig, Brockhaus, 1857.
- Dicionácio da Língua Tupi, Leipzig, Brockhaus, 1858.
Póstumas
- Obras posthumas de A. Gonçalves Dias, 6 Vls., Org. Antônio Henriques Leal, São Luís, B. de Matos, 1868.
- O Brazil e a Oceania, Rio de Janeiro, H. Garnier, 1909.
- Gonçalves Dias: Poesia e prosa completas, Org. Alexei Bueno, Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1998.
Todas as obras
Poesia
- 1848: Segundos Cantos, Rio de Janeiro, Ferreira Monteiro.
- 1851: Últimos Cantos, Rio de Janeiro, Paula Brito.
- 1857: Os Timbiras, Leipzig, Brockhaus
- 1857: Cantos, Leipzig, Brockhaus. (contendo todos os cantos anteriores e mais 16 novas composições sob o título de ‘’Novos Cantos’’).
- 1869: Lira Varia , in “Obras Póstumas’’, 1869. (poesias inéditas).
Teatro
- 1843: Patkull, in “Obras Póstumas’’, 1869.
- 1845: Beatriz Cenci, in “Obras Póstumas’’, 1869.
- 1846: Leonor de Mendonça, Rio de Janeiro, Villeneuve & Cia, 1847.
- 1850: Boabdil, in “Obras Póstumas’’, 1869.
Romance
- 1850: Meditação (fragmento), in Guanabara, Rio de Janeiro, Tip. Guanabarense. Apareceria completo in “Obras Póstumas’’, 1869.
- 1843: Memórias de Agapito, in “Obras Póstumas’’, 1869.
- 1843: Um Anjo, in “Obras Póstumas’’, 1869.
Dicionário
- 1858: Dicionário da língua Tupi, Leipzig, Brockhaus.
Etnografia e História
- 1846: O Brasil e Oceania, in “Obras Póstumas’’, 1869.
- 1869: História Pátria, in “Obras Póstumas’’, 1869. (trata-se de uma coleção de críticas selecionadas cujo título História Pátria é atribuída pelo organizador.
Falsas atribuições
- Segura o Índio louco é um título que vem sendo falsamente atribuído à Gonçalves Dias através da web internet, entretanto não existem fontes que comprovem a sua existência, nem se terá existido. Todas as obras do poeta foram publicadas por ele próprio ou postumamente as inéditas numa organização do seu amigo Antônio Henriques Leal à custódia da esposa do poeta.[10]
Obras notáveis
- Canção do Exílio in Primeiros Cantos’’.
- Ainda uma vez – Adeus” in Cantos’’.
- Sextilhas de Frei Antão in Segundos Cantos’’.
- Seus Olhos
- Os Timbiras
- I-Juca-Pirama in Últimos Cantos’’.