“A lembrança dos teus beijos
Inda na minh’alma existe,
Como um perfume perdido,
Nas folhas dum livro triste”
– do poema ‘Cantigas leva-as o vento…’ [1]
Florbela Espanca (Vila Viçosa , 8 de dezembro de 1894 — Matosinhos, 8 de dezembro de 1930)[1], batizada como Flor Bela Lobo, e que opta por se autonomear Florbela d’Alma da Conceição Espanca [2] , foi uma poetisa portuguesa.
A sua vida, de apenas trinta e seis anos, foi plena, embora tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimentos íntimos que a autora soube transformar em poesia da mais alta qualidade, carregada de erotização, feminilidade[3] e panteísmo.
Tem uma biblioteca com o seu nome em Matosinhos.
“Ai as almas dos poetas
Não as entende ninguém;
São almas de violetas
Que são poetas também”
– do poema ‘Poetas’ [2]
“As almas das poetisas são todas feitas de luz,
como as dos astros: não ofuscam, iluminam …”
Contos – À Margem dum Soneto, ‘O Dominó Preto’
Obra
Autora polifacetada: escreveu poesia, contos, um diário e epístolas; traduziu vários romances e colaborou ao longo da sua vida em revistas e jornais de diversa índole, Florbela Espanca antes de tudo é poetisa.
É à sua poesia, quase sempre em forma de soneto, que ela deve a fama e o reconhecimento. A temática abordada é principalmente amorosa.
O que preocupa mais a autora é o amor e os ingredientes que romanticamente lhe são inerentes: solidão, tristeza, saudade, sedução, desejo e morte. A sua obra abrange também poemas de sentido patriótico, inclusive alguns em que é visível o seu patriotismo local: o soneto “No meu Alentejo” é uma glorificação da terra natal da autora.
Rolando Galvão, autor de um artigo sobre Florbela Espanca publicado na página eletrónica Vidas Lusófonas,[3] caracteriza assim a obra florbeliana:
“Como dizem vários estudiosos da sua pessoa e obra, Florbela surge desligada de preocupações de conteúdo humanista ou social.
Inserida no seu mundo pequeno burguês, como evidencia nos vários retratos que de si faz ao longo dos seus escritos. Não manifesta interesse pela política ou pelos problemas sociais.
Diz-se conservadora. (…) O seu egocentrismo, que não retira beleza à sua poesia, é por demais evidente para não ser referenciado praticamente por todos. Sedenta de glória, diz Henrique Lopes de Mendonça, transcrito por Carlos Sombrio.
Na sua escrita há um certo número de palavras em que insiste incessantemente. Antes de mais, o EU, presente, dir-se-á, em quase todas as peças poéticas.
Largamente repetidos vocábulos reflexos da paixão: alma, amor, saudade, beijos, versos, poeta, e vários outros, e os que deles derivam.
Escritos de âmbito para além dos que caracterizam essa paixão não são abundantes, particularmente na obra poética. Salvo no que se refere ao seu Alentejo. Não se coloca como observadora distante, mesmo quando tal parece, exterior a factos, ideias, acontecimentos.”[3]
Florbela EspancaFonte das Citações: Wikiquote Fontes Biográficas: Wikiwand |
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Nascimento | 8 de dezembro de 1894 Vila Viçosa ![]() |
Morte | 8 de dezembro de 1930 (36 anos) Matosinhos ![]() |
Nacionalidade | Portuguesa |
Ocupação | Poetisa e licenciada em direito |
“Ponho-me, às vezes, a olhar para o espelho e a examinar-me, feição por feição: os olhos, a boca, o modelado da fronte, a curva das pálpebras, a linha da face… E esta amálgama grosseira e feia, grotesca e miserável, saberia fazer versos? Ah, não! Existe outra coisa… mas o quê? Afinal, para que pensar? Viver é não saber que se vive… Porque me não esqueço eu de viver… para viver?”
– Diário (20 de abril de 1930)