“Minha obra toda badala assim: Brasileiros, chegou a hora de realizar o Brasil.”
Mário de Andrade ao definir sua obra em uma sentença, durante o ‘A Hora Do Poema’, na Semana de Arte Moderna de 1922.
O acervo da Biblioteca da FAU/USP acaba de recuperar um raro registro de Mário de Andrade em vídeo, que aparece de fundo no documentário “Architectura modernista em S. Paulo”, que apresenta a inauguração da casa modernista do arquiteto Gregori Warchavchik em 1930.
Filme silencioso, em preto e branco, processado pelo VIDEOFAU.
Mais informações: http://www.intermeios.fau.usp.br/
Mario Raul Moraes de Andrade (São Paulo, 9 de outubro de 1893 — São Paulo, 25 de fevereiro de 1945) foi um poeta, escritor, crítico literário, musicólogo, folclorista, ensaísta brasileiro.
Ele foi um dos pioneiros da poesia moderna brasileira com a publicação de seu livro Pauliceia Desvairada em 1922. Andrade exerceu uma grande influência na literatura moderna brasileira e, como ensaísta e estudioso—foi um pioneiro do campo da etnomusicologia—sua influência transcendeu as fronteiras do Brasil.[1]
Fonte: Wikiwand
Mas não é porque Mário se interessava pela cultura que exaltava todo o povo brasileiro.
Escandalizou – ele e outros artistas – a aristocracia da época ao declamar poemas modernistas na Semana de 22.
O provável mais direto e aterrador é o que trago abaixo. Não é um soco no estômago. É uma porrada que
atingiu bem no meio aqueles que sentavam-se na platéia.
Ode ao Burguês
Eu insulto o burgês! O burguês-níquel,
o burguês-burguês!
A digestão bem feita de São Paulo!
O homem-curva! o homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!
Eu insulto as aristocracias cautelosas!
os barões lampiões! os condes Joões! os duques zurros!
que vivem dentro de muros sem pulos,
e gemem sangues de alguns mil-réis fracos
para dizerem que as filhas da senhora falam o francês
e tocam os “Printemps” com as unhas!
Eu insulto o burguês-funesto!
O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!
Fora os que algarismam os amanhãs!
Olha a vida dos nossos setembros!
Fará Sol? Choverá? Arlequinal!
Mas à chuva dos rosais
o êxtase fará sempre Sol!
Morte à gordura!
Morte às adiposidades cerebrais
Morte ao burguês-mensal!
ao burguês-cinema! ao burguês-tílburi!
Padaria Suissa! Morte viva ao Adriano!
“_ Ai, filha, que te darei pelos teus anos?
_ Um colar… _ Conto e quinhentos!!!
Mas nós morremos de fome!”
Come! Come-te a ti mesmo, oh! gelatina pasma!
Oh! purée de batatas morais!
Oh! cabelos nas ventas! oh! carecas!
Ódio aos temperamentos regulares!
Ódio aos relógios musculares! Morte à infâmia!
Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados!
Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos,
sempiternamente as mesmices convencionais!
De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia!
Dois a dois! Primeira posição! Marcha!
Todos para a Central do meu rancor inebriante!
Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!
Morte ao burguês de giolhos,
cheirando religião e que não crê em Deus!
Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!
Ódio fundamento, sem perdão!
Fora! Fu! Fora o bom burguês!…
Mário de Andrade ANDRADE,
M. 50 poemas e um Prefácio interessantíssimo.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013.

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“Quando sinto a impulsão lírica escrevo sem pensar tudo o que meu inconsciente me grita. Penso depois: näo só para corrigir, como para justificar o que escrevi.”

– Poesias completas – página 59, Mário de Andrade, Diléa Zanotto Manfio – Editora itatiaia, 2005, ISBN 853190210X, 9788531902109 – 535 páginas
- “Eu sou um escritor difícil, Que a muita gente enquizila, Porém essa culpa é fácil, De se acabar duma vez: É só tirar a cortina, Que entra luz nesta escurez.”
– citado em “Como escrevo?” – página 185, de José Domingos de Brito, Publicado por Novatec Editora ISBN 8560000089, 9788560000081
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“Não devemos servir de exemplo a ninguém. Mas podemos servir de lição.”
– “A lição do amigo: cartas de Mário de Andrade a Carlos Drummond de Andrade, anotadas pelo destinário” – Página 201, de Mário de Andrade, Carlos Drummond de Andrade – Publicado por Livraria José Olympio Editora, 1982 – 301 páginas
- “A inspiração é fugaz, violenta. Qualquer empecilho a perturba e mesmo emudece.”
– “Paulicea desvairada” – Página 15, de Mário de Andrade – Publicado por Casa Mayença, 1922 – 143 páginas
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“Os verdadeiros pecados mortais talvez sejam outros.”
- “Eu insulto o barulho! O burguês-níquel, o burguês-burguês!! A digestão bem feita de São Paulo! O homem-curva o homem-nádegas! O homem que sendo, francês, brasileiro, italiano, é sempre um cauteloso puco a pouco! Eu insulto as aristocracias cautelosos!! Os barões lampeões! Os condes joões! os duques zurros! Que vivem dentro de muro sem pulos; e gemem sangue de alguns milréis fracos para dizerem que as filhas da senhora falam o francês, e tocam e “Printemps” com as unhas.”
– (andrade, mário de poesias completas.6.ed. São Paulo, martins:/ Belo Horizonte, itatiaia 1980v..1..p 37-39 IV. ISBN 9788581811949)
Fonte da Citações: Wikiquote
Mário de Andrade |
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![]() Andrade em 1928 |
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Nome completo | Mário Raul Moraes de Andrade |
Nascimento | 9 de outubro de 1893 São Paulo, São Paulo, ![]() |
Morte | 25 de fevereiro de 1945 (51 anos) São Paulo, São Paulo, ![]() |
Progenitores | Mãe: Maria Luísa de Almeida Leite Moraes Pai: Carlos Augusto de Andrade |
Alma mater | Conservatório Dramático e Musical de São Paulo |
Ocupação | Escritor, musicologista,historiador de arte, crítico |
Movimento literário | Modernismo |
Assinatura | |
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